sábado, 15 de fevereiro de 2014

A escassez de rivalidade na atualidade no mercado de jogos

Antes de começar este artigo gostaria de deixar uma coisa bem explícita. Rivalidade não significa ser empresa inimiga. A rivalidade tem como princípio a competitividade natural para mostrar o potencial do console através de títulos exclusivos mostrando seu potencial e fazendo a empresa concorrente querer mostrar um produto com a capacidade do console concorrente. Ser inimiga é querer fazer com que a concorrência desapareça e uma única empresa exista e se torne onipotente, mas obviamente esse tipo de coisa não existe e nem vai, pois é justamente por causa da concorrência que temos uma engrenagem forte no mercado e faz o consumidor escolher o console através de serviços, preços e jogos exclusivos, portanto, partimos do pressuposto de que os dois são diferentes e isso deve ser lembrando sempre que analisamos uma situação de rivalidade.
Vamos voltar um pouco ao início dos anos 90. Nessa época a Nintendo era uma empresa que detinha um monopólio, mas em 1991 o jogo mudou quando a Sega lançou o seu mascote de peso, Sonic the Hedgehog. O símbolo e o marketing em volta de Sonic eram tão fortes que a própria Nintendo sentiu a pressão e suas propagandas tinham avisos de que algum jogo especifico não rodaria no Mega Drive ou em qualquer acessório futuro de Mega Drive. Esse caso aconteceu com Donkey Kong Country. A Sega obviamente estava com uma boa parte do “ouro” em suas mãos e obviamente lançou propagandas com foco no potencial do processamento do Mega Drive. O sucesso da rival da Nintendo na época foi tão forte que o sucessor de Sonic the Hedgehog (Sonic the Hedgehog 2) ultrapassou a Nintendo na época durante um tempo. Esse foi um passo muito importante para o mercado de jogos, mas atualmente parece que esse tipo de apelo está se tornando fraco e hoje em dia existe uma certa zona de conforto, mas por quê?
Observação: acho que o último jogo que realmente mostrou um apelo forte na competitividade foi o Metal Gear Solid 4, pois acabou mostrando uma coisa que a concorrente direta não tem, grande capacidade de armazenamento em disco.

Uma coisa que eu tenho notado é como a importância do hardware está sendo maior do que a importância da utilização do hardware para criar conceitos inovadores para abalar o mercado através de software. O próprio PlayStation 3 tem uma capacidade enorme de processamento e o que vejo são jogos que o próprio Xbox 360 pode rodar praticamente em termo de processamento, exceto em alguns casos raros. O Wii foi um grande caso de sucesso e não precisou de gráficos por um simples motivo: a Nintendo soube dar importância para a utilização do hardware para manipulação de jogo de forma magnifica. Seja através de jogo casual ou de jogo mais hardcore, vale ressaltar que a Nintendo está correta em dizer que software vende hardware, mas devemos lembrar que isso deve ser feito de maneira única e a Nintendo não consegue transmitir isso no Wii U. Por mais que seus jogos tenham uma qualidade excepcional, ela praticamente está ignorando uma parte fundamental do Wii U, o Game Pad. Resumindo: para que exista um sucesso gigante, devemos lembrar que o jogo deve ter além da qualidade técnica, a proeza na utilização de seu próprio hardware de forma única dando uma imersão positiva.
Devemos pensar em questão de gasto, pois com a evolução de hardware os jogos precisam seguir alguns padrões para atingir público. É um fluxo natural, mas que atualmente está cada vez mais arriscado. Criar um jogo da forma citada acima pode ser uma coisa extremamente negativa, pois o gasto será maior e o tempo de produção atual é muito curto para algumas empresas. Então acho que devemos atingir um ponto de conciliamento entre software e produção. Acho que seria interessante mostrar na próxima geração um console mais divergente um do outro e iniciar mostrando suas capacidades únicas, ou seja, fazer um console sem tanto hype em cima das especificações e algo mais centrado em um console com conceito(s) único(s). Isso vai fazer com que as empresas não fiquem desesperadas em mostrar um potencial gráfico de outro mundo, dará liberdade para utilização de novas mecânicas e ao mesmo tempo colocará em prática a questão de rivalidade citada, pois só aquele console específico poderá produzir aquilo.